inspiração. Vivemos em sociedades laicas, mas a religião, embora não praticada, influencia o pensamento e, em parte, o comportamento.
O conceito especista religiosamente justificado faz uso de uma breve passagem bíblicas para explicar nossa natureza semi-divina e nosso direito sobre as demais espécies: Em Gênesis 1:26 está escrito: /“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que
rastejam pela terra.”/
No entanto, a Bíblia é um livro complexo e permite múltiplas interpretações, além de versões e traduções. Se verificarmos o original em hebraico veremos que o que tem sido traduzido como “ter domínio” é a palavra “yardu”. “Yardu” poderia ser melhor traduzido como “descerão”.
Fosse a intenção do autor do original hebraico de fato transmitir a idéia de domínio da criação, a palavra que deveria ser empregada seria "shalthanhon”. Nem mesmo a idéia de governo do homem sobre as demais criaturas é passada neste versículo, visto que a palavra que a Bíblia usa quando se refere ao domínio ainda que pacífico é “mashel”.
Porém, o que vemos é que foi empregada a palavra ‘yardu’, que permite uma outra tradução do versículo: /“Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança; e descerão para os peixes do mar, e para as aves dos céus, para os rebanhos e para toda a terra e para todo réptil que rasteja sobre a terra”./ Se seguirmos esta tradução, que é mais fiel ao original, podemos interpretar que a intenção da Bíblia pode ter sido mostrar que Deus criou o homem de uma maneira especial, mas que o homem desceria (ou seja, seria igualado) para a condição de um animal.
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