quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Curiosidades

Sabias que :
- O vegetariano segue o plano inicial de Deus ao criar o humano, não comendo carne.
- Existem várias vertentes dentro do vegetarianismo, dentre as quais o frugivarianismo (frutas e sementes), veganismo (tudo menos carne, leite, ovos e seus derivados) ovo-lacto-vegetarianismo (tudo menos carne e seus derivados).
- Um vegetariano sedentário tem mais resistência física do que um atleta onívoro, além de se recuperar cerca de 5 vezes mais rápido da fadiga do que um onívoro (Universidade de Yale).
- A força motriz do desmatamento da Floresta Amazônica é a pecuária extensiva de corte.(Ministério do Meio Ambiente).
- Um vegetariano salva em média 95 vidas por ano, só pelo fato de não comer carne.
- Vegetarianos criaram o "sojasco", espécie de churracso sem carne.
- Existem muitos fisiculturistas e corredores vegetarianos, como Piero Venturato e Carl Lewis.
- Existem nuggets, kibes, hamburgueres, pizzas, córdons e salsichas vegetarianas, feitos de soja, grão de bico, quínua, vegarela e tantos outros ingredientes.
- Uma vaca de corte libera diariamente na atmosfera a quantidade de gases poluentes equivalente a de 85 carros novos. (National Geographic)
- O gado torna infértil parte do solo em que pasta.
- Einstein, Victor Hugo, Shaw, Humboldt, Schweitzer, Thomas Edson, Platão, Aristóteles, Darwin, Plutarco, Gandhi, Buda, Léon Tolstói, Thoreau, Nietszche, Pitágoras, Da Vinci, Isaac Newton, Sócrates, Voltaire, van Gogh, Richard Wagner, Arthur Schopenhauer, Rousseau, Abraham Lincoln, e Émile Zola eram vegetarianos.

Está correto ?













terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A bíblia preconiza o vegetarianismo - Sérgio Greif 1/3

Sejamos judeus, cristãos ou muçulmanos, a fonte de nossa inspiração religiosa é a Bíblia. Mesmo os muçulmanos, que adotam outro livro sagrado, reconhecem a Bíblia como cânone. Ateus e agnósticos, embora não creiam diretamente em textos sagrados, são influenciados por estes visto que estão inseridos em sociedades que foram moldadas utilizando-os como
inspiração. Vivemos em sociedades laicas, mas a religião, embora não praticada, influencia o pensamento e, em parte, o comportamento.

O conceito especista religiosamente justificado faz uso de uma breve passagem bíblicas para explicar nossa natureza semi-divina e nosso direito sobre as demais espécies: Em Gênesis 1:26 está escrito: /“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que
rastejam pela terra.”/

No entanto, a Bíblia é um livro complexo e permite múltiplas interpretações, além de versões e traduções. Se verificarmos o original em hebraico veremos que o que tem sido traduzido como “ter domínio” é a palavra “yardu”. “Yardu” poderia ser melhor traduzido como “descerão”.

Fosse a intenção do autor do original hebraico de fato transmitir a idéia de domínio da criação, a palavra que deveria ser empregada seria "shalthanhon”. Nem mesmo a idéia de governo do homem sobre as demais criaturas é passada neste versículo, visto que a palavra que a Bíblia usa quando se refere ao domínio ainda que pacífico é “mashel”.

Porém, o que vemos é que foi empregada a palavra ‘yardu’, que permite uma outra tradução do versículo: /“Disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem e semelhança; e descerão para os peixes do mar, e para as aves dos céus, para os rebanhos e para toda a terra e para todo réptil que rasteja sobre a terra”./ Se seguirmos esta tradução, que é mais fiel ao original, podemos interpretar que a intenção da Bíblia pode ter sido mostrar que Deus criou o homem de uma maneira especial, mas que o homem desceria (ou seja, seria igualado) para a condição de um animal.

A bíblia preconiza o vegetarianismo - Sérgio Greif 2/3

Mesmo a continuação do livro parece apoiar esta idéia. Em Gênesis 1:28 vemos o versículo traduzido desta forma: /“E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.”/ Novamente, a palavra “desça” aparece traduzida como “domine”. O que aparece neste versículo como “sujeitai-a” é a palavra “kibshah”, que significa preservar. Fosse de fato a intenção do autor transmitir a idéia de “sujeitar” ele deveria empregar a palavra "hichriach”. A tradução literal deste versículo seria: /“E abençoou-os Deus e lhes disse Deus: Fecundem-se, tornem-se muitos, encham a terra e preservem-na; e desçam para (a condição dos) peixes do mar, e para as aves dos céus e para todo animal que rasteja sobre a terra”./

Esta idéia de que homens e animais estavam em pé de igualdade perante Deus encontra-se em Eclesiastes 3:18-21 “/Disse ainda comigo: é por causa dos filhos dos homens, para que Deus os prove, e eles vejam que são em si mesmos como os animais. Porque o que sucede aos filhos dos homens sucede aos animais; o mesmo lhes sucede: como morre um, assim morre o outro, todos têm o mesmo fôlego de vida, e nenhuma vantagem tem o homem sobre os animais; porque tudo é vaidade. Todos vão para o mesmo lugar; todos procedem do pó e ao pó tornarão. Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra?/”

A intenção aqui não é, porém, estender-me em uma tradução revisionista de todo o texto bíblico, mas sim demonstrar que erros de tradução levam a erros de interpretação. Já foi demonstrado muitas vezes que a Bíblia pode ser utilizada para defender qualquer idéia. Pela tradução tendenciosa do versículo de Gênesis 1:26 nasceu toda a concepção de que
o homem é um ser semi-divino e tem o direito de sujeitar ao seu domínio todos os demais seres da criação, sujeitar a Terra. Mas e se a intenção do autor tivesse sido outra?

Gênesis 1:29 e 1:30 apresentam a primeira lei dietética estabelecida por Deus para o homem e para os outros animais “/E disse Deus: Eis que vos tenho dado todas as ervas que dão sementes e se acham na superfície de toda a terra, e todas as árvores em que há frutos que dá semente; isso vos será por alimento/. /E a todos os animais da terra, e a todas as aves dos céus, e a todos os répteis da terra, em que há fôlego de vida, toda erva verde lhes será para mantimento. E assim se fez”/

Estes versículos demonstram que não era a intenção original de Deus, pelo menos segundo o livro de Gênesis, que o homem matasse animais para comer. A dieta vegana era consistente com o plano original de Deus.

Apesar disto, quantas pessoas não lêem estes versículos diariamente e deixam de refletir sobre seu significado?

O Talmud, coleção de comentários e compilações da tradição oral judaica reforça a idéia bíblica de que, se no princípio o homem não comia carne, era porque a intenção original de Deus era que este e os demais animais fossem vegetarianos. De fato, escreveram sobre este assunto muitos comentadores bíblicos, entre eles Rashi (1040-1105), Abraham Ibn Ezra (1092-1167), Maimônides (1135-1214), Nachmanides (1194-1270) e Rabi Joseph Albo (séc. XV).

A Bíblia conta (Gen. 2:8) que quando Deus criou o homem, colocou-o para habitar no Jardim do Éden. Neste jardim, foi ordenado que o homem se servisse dos frutos de toda árvore (Gen. 2:16), exceto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gen. 2:17). Devido ao pecado original, o homem foi expulso do jardim e recebeu também a permissão para comer as ervas do campo (Gen. 3:18). Poderia-se até dizer que a Biblia sugere que Deus criou o homem frutariano, e depois o fez vegano.

Conforme a genealogia apresentada em Gênesis 5, entre Adão e Noé passaram-se 10 gerações. Segundo a Bíblia, nos tempos de Noé Deus resolveu destruir tudo com um dilúvio, porque toda a criação havia se corrompido. Noé encarregou-se de construir uma arca e salvar sua família e alguns exemplares de cada espécie animal. Conta a Bíblia que quando as águas baixaram seres humanos e demais animais saíram e constataram que a
terra estava seca.

Podemos, porém, imaginar que após mais de um ano submersa, já não havia sobre a terra vegetação suficiente para sustentar a todos. Foram Noé e seus filhos, segundo a Bíblia, os primeiros seres humanos que comeram carne:

Toda a harmonia que havia prevalecido entre os homens e demais animais no paraíso, após a expulsão e durante o período do dilúvio, segundo a Bíblia, deixou de existir. /“Pavor e medo de vós virão sobre todos os animais da terra e sobre todas as aves dos céus; tudo o que se move sobre a terra e todos os peixes do mar nas vossas mãos serão entregues.”
/(Gen. 9:2)

Naquele momento passaram a existir animais herbívoros e carnívoros, e o homem tornou-se onívoro:/“Tudo o que se move e vive ser-vos-á para alimento; como vos dei a erva verde, tudo vos dou agora.” /(Gen. 9:3). A frase “/como vos dei a erva verde/” reforça que até então eles só tinham autorização para serem veganos.

Segundo Rav Kook, não podemos ver esta permissão para comer carne, dada a Noé em uma situação específica, como uma concessão à toda a humanidade posterior. Em sua interpretação, estava claro que tratava-se de uma permissão efêmera, até que a terra voltasse a produzir o alimento. A situação em que Noé se coloca é a de um homem perdido em uma ilha deserta, sem muitos recursos à disposição.

A bíblia preconiza o vegetarianismo - Sérgio Greif 3/3

O período das 10 primeiras gerações descrito em Gênesis foi, portanto, de pessoas vegetarianas, e a Bíblia mostra que o homem só começou a consumir carne quando condições ambientais o forçaram a isto.

Há um segundo período segundo o qual o autor da Bíblia mostra que Deus pretendia tornar o homem novamente vegetariano: As escrituras contam que quando os israelitas saíram do Egito, o plano de Deus era que aquele povo recém libertado da escravidão vagasse pelo deserto pelo tempo necessário para que se purificasse. Foi lhes dado um alimento que caia do céu, que era “como semente de coentro, branco e de sabor como bolos de mel” (Êxodo 16:31, Números 11:7).

Este alimento, simples mas completo nutricionalmente, deveria sustentá-los pelo tempo que permanecessem no deserto (40 anos), pois em Êxodos 16:35 está escrito “/E comeram os filhos de Israel manah quarenta anos, até que entraram em terra habitada; comeram manah até que chegaram aos limites da terra de Canaã./”

No entanto durante a travessia do deserto alguns incidentes ocorreram. As pessoas começaram a reclamar de sua dieta puramente vegetariana "/Agora, porém, seca-se a nossa alma, e nenhuma coisa vemos senão este manah/” (Num 11:6). Por outro lado, pediam novamente pelos alimentos que consumiam no Egito – carne e peixes, entre outros (Num. 11:4-5) .

A contra gosto, Deus atendeu às reclamações, providenciando carne sob a forma de codornizes, que foram sopradas pelo ventos dos mares. Porém, logo depois Deus puniu aquelas pessoas, por não aceitarem de bom grado o alimento perfeito que Ele lhes oferecia: /Estando ainda a carne entre os seus dentes, antes que fosse mastigada, quando a ira do Senhor se acendeu contra o povo, e o feriu com grande praga /(Num. 11:33)

O lugar onde ocorreu este incidente foi batizado de “Kivrot Hataava” que em hebraico significa Tumbas da Luxúria, porque foi o desejo de luxo daquele povo, e não sua necessidade, o que os levou à morte (Num. 11:34).

Esta alegoria do manah traz uma idéia de que poucos se dão conta: O alimento que nos é destinado é bastante simples, pode ser encontrado em abundância e nos mantém saudáveis. Por outro lado, quando buscamos alimentos que não nos são apropriados, perecemos.

Atualmente sabe-se por diversas passagens que a Bíblia permite o consumo de carne, no entanto este consumo dá-se mais na base da concessão, como se Deus dissesse: “O ideal é que o homem não coma carne, mas já que ele quer...” Por isso, a Bíblia estabelece alguns impedimentos que em conjunto são chamados de leis relativas à kashrut: a carne deve estar completamente livre de sangue (Levítico 17:10-14, 19:26; e Deuteronômio
12:16, 12:23, 15:23), somente podem ser consumidos animais considerados puros (Levítico 11) o abate de um animal deve obedecer a um determinado ritual (Levítico 17:4).

As escrituras relacionadas refletem a observância escrupulosa de muitas regras, mas tão somente no que se refere ao consumo de produtos de origem animal. As únicas condições impostas ao consumo de alimentos de origem vegetal é que estes estejam limpos, o que é facilmente compreensível pelo ponto de vista sanitário.

Qual a mensagem da Bíblia com tantas proibições ao consumo de alimentos de origem animal? Tornar este consumo mais refletido, duro, impraticável. É quase impossível cumprir com todas as regras impostas pela Bíblia para o consumo de carne e justamente nisto está a graça. Com tantas regras, Deus parece de novo estar dizendo “O homem não deve comer carne”.

Quando a Bíblia faz referência à generosidade divina (Deut.8: 7-10; Deut. 11:14; Salmos, 72:16, Amos 9:14-15; Jer.29:5; Isaías 65:21) os produtos com mais freqüência citados são os frutos, vegetais, sementes, vinho e pão. Em um ou outro lugar são citados também o leite e o mel, mas jamais as carnes.

Tal qual, no Jardim do Éden, nem o homem nem os animais comiam carne, a promessa bíblica é a de que com a vinda do Messias, novamente o mundo tornar-se-á vegetariano. “/O lobo habitará com o cordeiro, e o leopardo se deitará junto ao cabrito; o bezerro, o filhote do leão e o animal doméstico andarão juntos, e um condutor pequeno os guiará. A vaca e a ursa pastarão juntas, e as suas crias juntas se deitarão; o leão como o boi comerá palha. A criança de peito brincará sobre a toca da áspide, e o já desmamado meterá a mão na cova do basilisco/”. (Isaías 11: 6-8) Continua Isaias (65:25): “/O lobo e o cordeiro pastarão juntos, e o leão comerá palha como o boi; pó será a comida da serpente. Não se fará mal nem dano algum em todo o meu santo monte, diz o SENHOR./”/ /

Fonte: http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=1123&Itemid=40

sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Onivorismo Vs Vegetarianismo - Médicos

Hoje estava lendo no site vegetarianismo.com.br um texto, no qual um médico alagoano defendia a idéia do onivorismo(comer carne). É impressionante ver que aquele que mais deveria entender de saúde, apresenta argumentos facilmente refutáveis. Ele citou a necessidade inegável do ser humano de obter ferro e proteína(as únicas coisas de destaque que a carne fornece). Mas é sabido que aquele que come arroz e feijão todo dia, já consegue obter as quantidades necessárias de proteína, conforme afirma outro médico em resposta ao alagoano, esse outro é formado na Califórnia e "RESPONSAVEL PELO SETOR DE EPIDEMIOLOGIA E SAUDE PUBLICA DA GRANDE LOS ANGELES, CALIFORNIA- EUA".
A quantidade de feijão necessária para obter a quantia devida de proteína é alta. Mas você conhece alguém que come exclusivamente arroz e feijão, mais nada ? Mas suponhamos que alguém assim o seja, se essa pessoa que só come arroz e feijão tiver fome, ela obviamente comerá arroz e feijão. Logo, a ingestão diária de arroz e feijão será grande o suficiente pra superar a quantidade necessária de proteínas.Inclua algumas folhas de rúcula, alface, espinafre e vitamina C e você terá mais ferro do que precisa.
Muitos falam que vegetarianos são fraquinhos, amarelos e sonolentos. Eu gostaria de saber de onde surgiu esse "conto de fadas" ao avesso. Tire-me como exemplo: desde que virei vegetariano, sinto-me mais leve, tenho muito mais resistência física e não tenho mais dores no corpo. Antes, quando eu andava muito(ou nem tanto) já sentia dores nas pernas e nos pés. Hoje não tenho nenhuma dessas dores, mas quando eu ando muito, muito mesmo, é só sentar uns 4 minutos que já estou pronto pra mais. Isso não é exclusivo a mim, mas alcança a todo os vegetarianos que tem uma alimentação bem regulada. A ciência foi atrás e foi comprovado, após inúmeros experimentos, que um vegetariano sedentário tem mais resistência física que um atleta onívoro, por incrível que pareça. Eu senti na pele: de fato, hoje tenho muito mais resistência física do que na minha época de onívoro.

Segue o link do texto do médico, a das respostas que lhe foram dadas(abaixo do primeiro texto) : http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=1260&Itemid=129

Segue o link do texto que fala sobre a maior resistência física dos vegetarianos em relação aos onívoros:
http://www.vegetarianismo.com.br/sitio/index.php?option=com_content&task=view&id=547&Itemid=48

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Abates

Não agrada, não é bonito e não é atraente (a alguns), mas também não é justo fecharmos os olhos para as verdades que não queremos ver... Não é justo para eles... Além do mais, só há mudança com inconformidade e desassossego. Sempre foi assim e sempre será. Meu propósito neste blog é relatar e refletir à cerca daquilo que permeia o mundo interno e externo do vegetarianismo e do vegetariano, portanto não mais postarei fotos como as que se seguem, mas só para constar aqui, ai estão.

Algumas poucas fotos de abates:











Um convite a uma reflexão

Façamos uma breve e muito simplória reflexão sobre o motivo que me leva os dedos ao teclado (não, não tento me promover como um Machado moderno, LOL), imaginemos a seguinte situação: você é um negro judeu recém-chegado na Polônia, ao ano de 1937. Você e sua esposa (grávida de 3 meses), também judia, vivem bem, apesar do anti-semitismo que os rodeia e da dificuldade com a comunicação.

Alguns anos se passam. Sem aviso, tropas alemãs invadem sua cidade e o medo a tua alma. Tem início uma tenebrosa caça nonsense. Invadem sua casa, prendem você e sua esposa e os colocam em um trem, abarrotado de gente, sem água ou comida, para uma viagem de uns 2 dias. Muitos morreram nessa viagem horrenda, porém o pior está por vir. Ao desembarcar, você se depara com uma enorme área cheia de pessoas desconhecidas esperando para adentrar naquele lugar. Separam-no de sua esposa e te mandam para um quarto pequeno, sujo, profundamente desconfortável com espaço quase nenhum.

A ti, nada chega sobre sua esposa e de seu futuro filho (ou será filha ?), mas sois obrigado a trabalhar duro, por horas a fio, carregando ferro de um lado para o outro. Seus braços não mais te obedecem, mas você de alguma forma sabe que não pode parar de fazer aquilo. A angústia cresce em seu peito a cada quarto de hora que passa, sem saber o que acontecerá no minuto seguinte, ou o que aquelas pessoas estranhas vestidas de cinza e que nunca falam manso farão a você - ou o que já fizeram a sua esposa. A comida é insuficiente e ruim, sua cama não tem colchão e você dorme com insetos e pessoas amontoadas. Faz muito frio, mas não te dão o necessário para que você se sinta minimamente bem - se é que isso é possível.

Te mudam de serviço e agora seu serviço é incinerar cadáveres. Você não se choca muito, pois agora sabe que ali se mata como se respira e, por isso, resolve trabalhar. Passaram-se 10 meses dessa existência angustiante, você não vê sua esposa há meses e não sabe mais nada sobre o que aconteceu a ela ou a seu filho (ou será filha ?). Em meados do gélido inverno, você recebe no carrinho os corpos de sua mulher e daquele que você deduziu ser o seu recém-nascido filho (era um menino), que você só conhecera pálido e frio. Seu coração dispara, seu mundo dispenca. A dor que te aflige é tanta que parece ninguém no mundo haver passado por isso antes. E você nunca sequer entendeu a causa de tanta desgraça. O que fizera você a eles ? Por que fazem isso contigo ?? Mas, no meio de tanta dor, ninguém parece se importar e só o que fazem é gritar contigo para que acelere o trabalho - eis o fluxo normal das coisas. Você queima sua mulher e seu filho, esvaziado de sentidos.

Mas a quem você reclamaria ? Naquele lugar, só quem sofre pensa no sofrimento e deseja que cesse. Ninguém está lá por você. Você não fala aquela lingua, e sabe de uma forma ou de outra que, se você fosse loiro com olhos azuis, aquilo provavelmente não estaria acontecendo. Mas seria isso motivo para fazerem tais coisas com você e tantos outros? O fato de você ser um negro judeu é relevante para que te exponham a tamanha dor ?

Não há ninguém que pense em você. Ninguém fala por você, nem pensa no seu bem estar. Você é visto como um ser inferior e não merecedor da tranquilidade e do direito à vida. Mas até que um dia, te mandam tirar a roupa e deixar ali seus pertences. Um deficiente físico que ali está diz para você que os estão mandando tomar banho e te pede ajuda... Você concorda. Também dezenas de outros homens entram com você em um compartimento grande e claro. Ao adentrarem, já nús, em tal cômodo, são trancados e uma fumaça é exalada de todos os cantos. Pavor geral. Você sabe que irá morrer, mas não há nada que possa fazer. Você está indefeso, fraco e em pânico. Muitas dúvidas latentes e insolúveis latejam na sua cabeça, que começa a rodar e enturvecer. Enfim, após meses de medo, extremas dores e intensa inconformidade, você morre.


A comparação com o nazismo é óbvia, pois como disse Isaac Singer (ganhador do Nobel de Literatura), "para os animais, os homens são todos nazistas.". O que fiz nada mais foi do que deslocar pontos de vista. Mudar, de certa forma, o centro psicológico da singela narrativa

Ninguém pensa no animal ou no que ele deseja - sim, deseja. É imposto a ele um destino cruel e profundamente sofrido, ao qual não há escapatória. Seu fim também é dado no dia e da forma que bem entendem seus assassinos, sem que haja chance de defesa.

"Afffff, o cara comparou um judeu a animal. Ele que é nazista !!" dirá o irrefletido leitor. Mas eu replico, pois a minha vida é tão vida como a vida de um rato. Eu vivo, o ratinho vive, a ovelha vive, você vive. Sim, neste sentido estou(amos) em pé de igualdade com um ratinho. Apesar de tantas diferenças, há semelhanças: assim como eu, ele quer viver sem dor. Assim como eu, ele sente fome, sede, frio, medo, alegria, afeição e pânico. Somos o centro psicológico de nossas próprias vidas. Ele (o rato) não se meteria em um laboratório para ser aberto a torto e a direito, eu também não. Eu posso não ser igual a ele, fisicamente ou em alguns aspectos psicológicos, mas isso não me dá direito de impor a ele o que EU bem entendo. Além do mais, duvido que aquele que me lê agora é igual a mim - nós, brasileiros, somos vira-latas também. Somos uma grande mistura de vidas, de classes, gêneros, costumes e cores de pele. Todos somos diferentes, logo únicos no mundo.

Neste sentido, em nada é um absurdo comparar-me a um rato. E por que seria absurdo comparar um judeu a um rato ?? Seria preconceito pensar isso, pois colocar o judeu como diferente de mim ou do rato, sendo que há inegáveis semelhanças e é nelas que me foco para fazer tais comparações. Só para explanar um pouco a mensagem que quero passar, uma curiosidade: os porcos - após uma existência regada de dor, canibalismo, desespero e tortura - ao formarem a fila que precede o abate (paredes estreitas a ponto do animal não conseguir olhar para trás e altas, muito altas), são acometidos por, pasmem, ataque de pânico. Com os mesmos sinais observáveis no animal humano: taquicardia, suor, medo, agitação...


Pense no mais fraco e no oprimido, um dia ele pode ser você.